Por Helen Pomposelli
Primeiro dia em Delhi, India. Eu nunca havia viajado para a India. Além da ansiedade de sair na rua e ver de perto um sonho se concretizar, a cidade me abraçou em cheiros, suores, imagens e barulhos. Tudo de uma só vez. Depois da chegada de uma viagem de avião cansativa no dia anterior, acordei e de manhã fiz uma longa caminhada. Naquele dia, marquei com um indiano sikhs para me levar em um mercado de artistas que ficava distante da cidade e também num templo onde mulheres turistas não entravam desacompanhadas. Saltitante como uma criança e curiosa como uma iniciante, andei pela cidade que mais havia gente do que paisagem.
O indiano se chamava Isak e me explicava tudo com muita calma e simpatia. Além disso, Isak gostava de me fazer perguntas como “porque meu cabelo era curto” ou “porque eu viajava sozinha” coisa que percebi no desenvolver da viagem que a curiosidade era uma característica marcante do povo indiano.
Mas a história não continua tão pacata assim. Já no primeiro lugar marcado, o museu repleto de artistas, obras de artes, antiguidades, no segundo clique da minha inseparável câmera de fotografar, ela parou de funcionar. Definitivamente bateu as botas e não quis mais participar da minha viagem à India.
Eu, da minha ansiedade e alegria, comecei a ficar nervosa e estressada. Não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. E foi logo depois que eu fotografei um Shiva. Pensei: ele me castigou! Não era pra fotografar! O sikhs não sabia mais o que fazer comigo e percebeu algo em mim que há tempos eu não lembrava: pouco respiro.
E nervosa, aí que não respirava mesmo. Isak começou a me ensinar com aquele jeito e sorriso meigo a fazer o pranayama que quer dizer domínio da bio-energia. Me ensinou um movimento respiratório que eu logo adquiri o domínio completo do funcionamento interno do meu corpo.
Quando eu me vi, estava no meio da rua de Delhi, fazendo a prática desses exercícios mágicos de respiração, fechando e abrindo a narina, ou seja, pranayamas ( controle do alento ) produzindo uma mudança na minha respiração e me deixando bem mais calma.
Lembrei das minhas práticas de yoga e de quanto era importante respirar. Mas nunca havia feito na rua, no meu dia-a-dia. Não imaginava como era bom e passei a usar o método também na minha rotina. Assim, purificada e revitalizada, através da inspiração e da expiração, atingi meu coração, estômago, pâncreas, fígado, rins e intestinos. Respirando calmamente.
- ALGUMAS TÉCNICAS RESPIRATÓRIAS BÁSICAS
CHANDRA PRÁNÁYÁMA
Sente-se em qualquer ásana confortável. Conserve cabeça, o pescoço e o tronco numa linha reta. Feche a narina direita com o polegar direito. Inspire lentamente através da narina esquerda, durante o máximo de tempo que puder. Faça-o confortavelmente. Expire depois muito lentamente pela mesma narina.
SURYA PRÁNÁYÁMA
Feche a narina esquerda com os dedos minguinho e anular da mão direita e inspire e expire através da narina direita. Faça-a lentamente.
VAMAH KRAMA (respiração alternada)
Inspire pela narina esquerda e exale pela narina direta. Não retenha a respiração. Depois, inspire pela narina direita e expire pela narina esquerda. Isso completa um ciclo. Repita de seis a dez vezes no início.Após um mês de práticas respiratórias, retenha a respiração o máximo de tempo que puder fazê-lo sem desconforto. Isso se chama kumbhaka (retenção).
SUKHA PURVAKA (respiração alternada com bioritmo)
Inspire profundamente pela narina esquerda, depois retenha a respiração sem fazer força e a seguir expire lentamente pela narina direita. Agora, inspire pela narina direita, retenha a respiração e máximo que puder fazê-lo confortavelmente e depois expire pela narina esquerda.